quarta-feira, 23 de maio de 2007

O surgimento da nova história.

*Marcilo Ramos


A Nouvelle Histoire foi criada a partir da necessidade de se pensar e de se trabalhar uma história não mais fundamentada em grandes nomes políticos e sim nos vários fatores que estão nas entrelinhas. Para isso foi necessário que se criasse uma revista cientifica sobre os assuntos e as vertentes históricas a serem trabalhadas. Revista essa que se intitula annales d’historie economique et sociale. Essa revista pode ser considerada o primeiro passo pra poder se pensar a “nova história”. Essa nova história teve seu surgimento a partir de debates entre várias vertentes das ciências sociais, tais como os próprios historiadores, sociólogos, geógrafos e filósofos no século XX. Antes da história interagir com as ciências sócias a história era elaborada só à partir de “grandes” fatos feitos por algum líder político, com o surgimento da nova história essa centralização acaba e se ver a história de várias ópticas diferentes e até de visões totalmente antagônicas, não só se ver a história dos vencedores, por exemplo, com o surgimento da nova história pode-se interpretar a história pelo ponto de vista do excluído socialmente, do menos favorecido economicamente, do não alfabetizado mas com vasta experiência de vida, do não religioso, enfim, pode-se trabalhar com o ponto de vista do “topo da pirâmide”, como também se pode trabalhar com a com o ponto de vista da “base da pirâmide”.

Concretizada na revista “Analise da história, economia e sociedade”, a história toma outra vertente e os historiadores começam a criticarem o antigo método que seria totalmente político, sendo usado no intuito de só ressaltar os “grandes feitos realizados pelos grandes”, esse método não questionava absolutamente nada, só datava o acontecimento ocorrido e seu líder que o fez. A criação da revista veio se fundamentar no final da década de 20 do século XX, mais precisamente no ano de 1929 na renomada universidade de Estrasburgo por Lucien Febvre e Marc Bloch.

Com o aparecimento da nova história a história até então tradicional some e se uni as ciências sociais, principalmente com à sociologia, sendo assim possível com esses novos instrumentos de pesquisa, chegar a uma resposta ou vária srespostas sobre o objeto ao que se pesquisa e na maioria das vezes chegando a inúmeros questionamentos, coisa que antes não existia. Com a nova história não se estuda mais um sujeito em particular, nem muito menos o que esses indivíduo fez, agora se estuda quem ele foi ou o que ele fez a partir de várias analises: psicológicas, econômicas, sociais, políticas, culturais, religiosas, as estatísticas, o imaginário das pessoas, as histórias orais, os documentos, etc. Tudo isso interpretado de várias formas. Sendo assim a nova história abandona o pensamento de que nenhum fato ocorrido poderia ser repetido, rompendo assim com a história linear e criando uma história cíclica.

Levando em consideração a época em que foi elaborada a nova história e levando em conta a localização geográfica da universidade de Estrasburgo (onde surgiu a escola dos Annales) oscilava em momentos da história em pertencer à Alemanha e em outro momento pertencer à França, hora a protestantes, hora a católicos, hora a amigos, hora a inimigos. O fato dessa dicotomia em determinadas épocas entre os pensadores da universidade e até mesmo da nacionalidade de quem nascia na região da “Alsace-Loraine” era enorme, pois a população em sua maioria era de origem germânica e quase não se falava francês, a origem da população em sua maioria era de alemães, mas no pós-guerra o domínio da região passa a ser francês. Este confronto étnico entre cidadãos germânicos e francos era forte.

Weber defendia a idéia de separação entre cientistas e população, para ele, como essa pequena e singular região vivia em constante incostância política não seria sensato para os pesquisadores assumirem uma posição política, cabendo esse feito ao restante da população da região, os cientistas ficariam neutros diante desse paradoxo। Segundo Weber, os cientistas agiriam de forma sensata se ficassem neutros, foi exatamente nessa concepção de Weber que Bloch e Febvre se inspiraram para a fundamentação da ideologia dos Annales.

Febvre, assim como Durkheim, Bloch entre outros, queriam colocar a história no “presente”, estavam cansados daquela história enfadonha que a única coisa que retratava era o fato isolado e de um só ponto de vista, fato esse que o chefe político de uma nação o realizara, direto ou indiretamente, mas sempre esse fato era deturpado e virava acontecimento épico, quando na verdade se duvida até que se tenha existido metade dessas acontecimentos tão grandiosos, tais tipo: guerras sangrentas, violentas batalhas, etc. Os criadores da nova história estavam dispostos a questionar, a problematizar, a indagarem, a responderem a esses e a outros inúmeros fatos históricos, ambos sentiam a necessidade de extinguir a história “arcaica” onde só se narrava fatos “importantes”, datas e nome da autoridade política vigente.

Os historiadores da Escola dos Annales conseguiram dar uma nova roupagem na maneira de se pensar a história, de se trabalhar a história e seus acontecimentos.

Referências

REIS, José Carlos. Escola dos Annales - a inovação em história। São Paulo: Paz e Terra, 2000.

*Acadêmico de História - UEPB / marcilo_ramos@hotmail.com

2 comentários:

Joachin disse...

Com todas as crises e rupturas de paradigmas epistemológicos e teóricos, acho muito interessante as vertentes dos Annales que re-visitam temas clássicos da historiografia e elaboram novas abordagens que nem sempre a racionalidade científica ou o economicismo conseguiram dar conta. Acho que História é isso... interação, ressignificação de conceitos, trocas. E as linhas de pesquisa que surgiram com os Annales são um prato cheio para quem gosta de trabalhar assim.

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