quinta-feira, 5 de abril de 2007

Dissecando: vida, obra e influência de Francisco de Assis França e sua importância para o movimento Mangue Beat (10 anos sem Chico Science)

Marcílo Ramos*

Nascia no dia 13 de Março de 1966, na cidade de Olinda, o Pernambucano Francisco de Assis França, vulgo Chico Science, líder da banda Nação Zumbi e principal líder do movimento surgido nos anos 90 batizado de Mangue Bit e mais tarde rebatizado de Mangue Beat. Seu apelido Chico Science veio da facilidade que o mesmo tinha em misturar diversos ritmos como: Coco, Ciranda, Embolada, Maracatu, Samba, Hip Hop, Black Music, Funk, Soul, Rock e Caboclinho. O movimento Mangue Beat conseguiu o que até então só a Tropicália tinha conseguido, que foi romper com a hegemonia da região Sudeste e de Brasília no mercado fonográfico do país. Os rapazes nordestinos conseguiram que o país e o mundo olhassem para eles e vissem a sua cultura e o seu som inovador. Os MangueBoys, como ficaram conhecidos os seguidores do movimento, sacudiram a cena recifense e resgataram a cultura que estava quase extinta, sem esquecer de estarem antenados com o mundo e aberto a novas idéias, preocupados com o social, o político, o geográfico e o histórico, enfatizando assim toda essa preocupação pelo crescimento desordenado da cidade do Recife, como o aterramento de seus mangues e a pobreza da população. Para exporem suas idéias lançaram em 1991 o manifesto "Caranguejos com Cérebro", escrito por Fred 04 e Renato Lins, onde se abordava toda essas preocupações com a cidade do Recife. Chico, em sua curta vida, gravou dois CDs (Da Lama ao Caos, em 1994, e Afrociberdelia, em 1996). Também compôs a trilha sonora do filme Baile Perfumado de Paulo Caldas e Lírio Ferreira. O mangue Beat foi retratado em um documentário dirigido por Bidu Queiroz e Cláudio Barroso, sendo um movimento cultural-artístico onde se fez a fusão da cultura popular e cultura de massa, estas entrelaçadas com a cultura exterior, tendo como ídolos o Sociólogo e Geógrafo Josué de Castro, figuras populares tais como Zumbi, Lampião, Sandino, Emiliano Zapata, e musicais como Afrika Baambata, James Brown, Grand Master Flash e Jorge Ben Jor. Os dois primeiros discos das duas bandas que começaram o movimento foram lançados simultaneamente em 1994 (Da Lama Ao Caos, de Chico Science & Nação Zumbi, e Samba Esquema Noise, do Mundo Livre S/A), ambos sucesso de crítica nacional e internacional. Infelizmente, no dia 2 de Fevereiro de 1997, no dia de Iemanjá, um acidente de carro na divisa entre Recife e Olinda tirou a vida de Chico Science, no auge de sua carreira, fazendo com que o carnaval local, famoso em todo o mundo, parasse. Mas o movimento continua vivo, firme e forte, influenciando intelectuais, músicos, etc. O símbolo do Mangue Beat, a parabólica enfiada na lama, permanece, representando, assim, a interação com o mundo, porém sem esquecer jamais das raízes. Várias bandas continuam representando o movimento, são elas: Nação Zumbi, Sheik Tosado, Mundo Livre S/A, Devotos, Jorge Cabeleira, Mombojó, Otto, Sangue de Barro, Eta Carinae, Querosene Jacaré, Silvério Pessoa, Mestre Ambrósio, Cascabulho, China, Siba e a Fuoresta do Samba, Dj Dolores, Cabruêra entre outras

*Acadêmico de História - UEPB / marcilo_ramos@hotmail.com

3 comentários:

Unknown disse...

Acho essencial para um bom historiador ver as possibilidades que determinado tema pode lhe oferecer.E,nao posso negar a grata surpressa que foi ler seu texto meu antigo colega de classe e permanente colega de curso e escolha.Vc com leveza e certeza tratou de um tema ate desconhecido para muitos,mesmo aqui na academia.Isso (seu texto e contexto)me fez mais uma vez lembrar que estou aqui nao para simples repruduçao de conhecimentos mas,para muitas vezes ousar e abordar os mais diversos temas na perspectiva que somos todos construtores de historia.Parabens pelo seu objeto de estudo e pela qualidade de seu texto.

Marcilo Ramos disse...

Luciene, brigado pelo comentário, você sintetizou bem a dificuldade em que tenho de juntar material de pesquiza sobre o tema, pois o tema ainda é conteporaneo e ainda se estudou muito pouco sobre o mesmo, mas como diria Eric Hobsbawm: a funçao do historiador é lembrar o que as outras pessoas esquecem, é simplismente isso que estou fazendo.

Anônimo disse...

História que, no geral, eu já conhecia mas é sempre bom reler e aprender mais um pouco.
um abraço ae cara